quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Relógio.

   Competir com o relógio não é muito bom. Sei por experiência própria. Sempre fico me torturando antes do tempo, sofrendo por coisas que nem aconteceram ainda. Me torturo por coisas incertas, que só o tempo pode realizar.
  O relógio sempre foi um monstro para mim. Ele corre, voa, e nunca conseguimos alcançá-lo. Nos faz esperar, correr, depende apenas da vontade dele. Nos faz sofrer por muito tempo, e apreciar as coisas boas por apenas alguns segundos.
   Demorei para aprender que não posso controlar o que as pessoas sentem. Mal posso controlar o que eu sinto...
   Ainda não sou muito amiga do relógio, mas estou tentando compreendê-lo. Hoje entendo que ele não faz por mal, é o trabalho dele. Ele tem que seguir seu ritmo, e eu tenho que respeitar. Não adianta tentar descobrir o futuro, ou me culpar.
  Só agora percebi que estou perdendo meu presente pensando no futuro.
  É claro, isso não significa que devemos esperar nossos sonhos caírem do céu. Mas certas coisas só o tempo pode explicar, só ele pode fazer. Então, pra que ficar sofrendo?
  O tempo voa, e eu ando com os pés firmes no chão. Só me resta deixá-lo trabalhando em paz.







terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Era uma vez.








" Era uma vez, mas me lembro como se fosse agora, eu queria ser trapezista.
   Minha paixão era o trapézio, me atirar lá do alto na certeza de que alguém segura minhas mãos, não me deixando cair.
   Era lindo, mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase, cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo, do que não ficava para sempre.
   Era outra vez, outro circo, ciganos e patinadores. O circo chegou à cidade, era uma tarde de sonhos e eu corri até lá.
   Os artistas, eles se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo, eu entrei no meio deles e disse que queria ser trapezista.
   Veio falar comigo uma moça que era a domadora, era uma moça bonita, forte, era uma moçona mesmo. Ela me olhou, riu um pouco, disse que era muito difícil, mas que nada era impossível.
   Depois veio o palhaço Poli, veio o Topz, veio o Diverlangue que parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público.
  De repente, apareceu uma luz lá no alto e todo mundo ficou olhando.
  A lona do circo tinha sumido e o que eu via era a estrela Dalva no céu aberto.
  Quando eu cansei de ficar olhando para o alto e fui olhar para as pessoas, só aí eu vi que estava sozinha."




Antônio Bivar

Alguém nos salve!

   Por favor, alguém me salve. Alguém salve nossas almas. Alguém salve nossos corpos, sujos pela hipocrisia que assola nossas casas. Nossas ruas estão infectadas, nossas almas estão cheias de fumaça.
  Alguém, por favor!
  Lutamos pela democracia, mas torturamos e aprisionamos todos aqueles que são diferentes. Somos prisioneiros da liberdade, que defende apenas aqueles que pensam como ela.
  Onde está essa liberdade? Não a vejo em lugar nenhum. Não podemos mais sair pelas ruas livremente, não podemos ser diferentes. Se somos, logo a sociedade dá um jeito de nos excluir.
  Somos prisioneiros de nós mesmos, e acredite, é bem pior do que viver em uma cela. Vivemos presos em boas maneiras, sempre preocupados com o que as pessoas vão pensar sobre nossas atitudes.
  Me cansei disso tudo.






segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Depois da tempestade...

   Acabou. E não estou triste... muito pelo contrário. Estou me sentindo bem, em paz. Tudo isso serviu para me fortalecer. Hoje, me sinto invencível.
   Mas confesso que tanta paz às vezes me assusta um pouco. Eu, que estou acostumado com uma vida sem regras, barulhenta, me assusto quando ouço o silêncio. Parece que a vida que era minha não existe mais.
  Deve ser por que aquele homem morreu. Aquele que estava preso, amarrado, amordaçado, hoje se encontra livre e em paz. Aquele homem se foi para dar espaço para meu novo eu. Você não deve estar entendendo nada, mas eu também não entendo. Só sinto...
  Como todos dizem, depois da tempestade sempre vem a calmaria. Ela acolhe nossos corpos cansados, arrebentados pela chuva forte e impiedosa. Vem o vento calmo, para aliviar nossas cicatrizes.
  Agora consigo ver. A neblina se foi e livrou meus olhos. Aquilo que tanto me assombrava, hoje já não me assusta mais. O que antes era uma muralha, hoje não passa de um pequeno obstáculo. Só agora vejo como fui fraco!
  Mas isso já não importa mais. Agora posso ver, e nada pode tirar isso de mim.
  Nada vai me abalar outra vez!







quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Disfarce.

   Nem sempre podemos falar o que sentimos. Às vezes, precisamos usar disfarces, fantasias, para fingir que está tudo bem e tocar a vida pra frente. Não queria que fosse assim, mas infelizmente tem que ser assim.
  Mesmo estando aos cacos por dentro, forço um sorriso e o coloco no meu rosto. Forço um olhar alegre para ninguém perceber a minha fraqueza. Dou risadas, quando na verdade eu queria mesmo era gritar de ódio e tristeza.
  Não é fácil, mas é necessário. Devemos vestir disfarces para ocultar nossas fraquezas. Ninguém gosta de pessoas fracas. Devemos pelo menos fingir que somos fortes e felizes, pois assim tocamos a vida pra frente.
  




quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tristeza.

  Por alguma razão, a tristeza continua na minha casa. Ela chegou, se instalou e não quer mais ir embora. Talvez ela tenha visto em mim uma boa companhia.
  Todas as tardes, ela me conta suas histórias. Histórias de corações partidos e finais infelizes, me trazendo mais lágrimas. Tardes carregadas de angustia, dor e lágrimas. Mas mesmo assim, gosto de ouvir suas palavras.
  Acho que é por isso que ela não sai da minha casa. Ela encontrou em mim uma boa companhia. Alguém que escuta o que ela tem a dizer. Sou a única que acolhe a tristeza como uma amiga.
  Hoje ela me contou coisas sobre mim. Coisas que causaram dor. Mas mesmo assim, gostei de ouvi-la. Ela me conhece melhor que ninguém! Sabe me amedrontar...
  Ela não quer ir embora. Mas eu também não quero que ela vá. Quero alguém para conversar comigo. Para me fazer companhia. Mesmo que esse alguém seja a tristeza, que só me conta histórias de corações partidos e finais infelizes.







terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sensações

  Não consigo explicar a maneira como me sinto quando te olho, mas posso te mostrar de alguma forma.
   Olhe para o céu e esqueça que o chão está sob seus pés. Esqueça tudo, e você sentirá seu corpo flutuando.
   Beba alguma coisa bem quente. Você irá sentir um calor invadindo seu corpo, aquecendo seu coração.
   Sinta o arrepio que o sol causa ao beijar sua pele. É uma sensação maravilhosa ser tocado pelo sol!
   Corra só para sentir a brisa balançando seus cabelos.
   Abrace quem você ama.
    Conseguiu sentir?
   Com apenas um olhar, você me mostrou todas essas sensações. Com apenas um olhar, eu descobri o mundo em você.










sábado, 20 de novembro de 2010

Nostalgia

   Uma amargura invadiu meu peito e está apertando minha garganta. Estou sufocando, não consigo puxar uma gota de ar.
   Ainda não descobriram todos os mistérios do universo, mas sinto todos eles dentro de mim. Um buraco negro invadiu meu peito e engoliu meu coração. Um frio insuportável corre nas minhas veias, tomando o lugar do sangue quente e vermelho.
  Sinto falta do calor que o olhar transmite. É um calor capaz de destruir todas as estrelas! Talvez seja por isso que elas brilham...estão refletindo o calor dos olhares apaixonados. Quem dera se eu pudesse absorver um pouco desse calor...
  Olho todos os dias para o céu durante a noite e vejo minúsculos pontos de luz. São tão pequenos que eu poderia encher minhas mãos com milhares deles. Mas não posso, pois estão longe de mim. E mesmo que estejam impregnados com calor, ainda sinto frio olhando para eles.
  Um buraco negro no meu peito e uma manta branca nos meus olhos. Não posso ver mais nada, pois o universo engoliu todas as cores. Já não posso ver a cor do sangue das flores, que correm em suas veias tão quente e suave.
  A amargura é meu único alimento agora. Junto com a nostalgia, ela preenche o vazio de dentro de mim, me mantendo de pé. De pé, e não viva. Viva já não posso estar, pois morri no dia em que você se foi...
  As estrelas refletem o fogo do amor aqui na Terra, mas não me esquentam mais. Pelo contrário, torna ainda pior o frio que lambe minha carne.
 Nostalgia. Não sei bem explicar o que é, mas sinto todos os dias. Aliás, sempre a achei uma bela palavra, pois combina comigo. Agora, ela é meu alimento. Com o buraco, ela está dentro de mim, me mantendo deitada. Deitada e com frio, que nem as mantas brancas podem aliviar.






Me ajude...

   Perdi o que sempre quis. É estranho quando perdemos alguém. Estou de joelhos, com mãos em prece, implorando misericórdia. Me ajude, por favor...
  Perdi você, e isso é tão estranho. Já estava acostumada com seu cheiro espalhado pelo quarto e impregnado no meu travesseiro. É estranho acordar sem ouvir sua voz cantarolando alguma das suas músicas sem sentido.
  Me sinto uma estranha dentro da minha casa. O sofá não é mais confortável como antes, a cama não me acolhe durante o sono... tudo está diferente. Sem você, não me encontro no meu mundo. Por favor, me ajude...
  Só me resta juntar as mãos em uma prece e cair de joelhos. É tão estranho, não consigo entender. Perdi alguém, e a única pessoa que pode me ajudar é você. Meu alguém é você.
  Eu sou tão estranha agora! Não me vejo mais no espelho. Falta seu reflexo do meu lado, sempre com aquele sorriso patético que você tinha. Como sinto saudade do seu sorriso...
  Por favor, me ajude! Meus joelhos não têm mais força, não aguentam mais orações sem resultado. Sempre me ajoelho com as mãos em prece, esperando você voltar. Já não tenho forças para aguentar a sua ausência.
  Saiba que minha porta estará sempre aberta. E mesmo que eu tranque a porta, pode pular minha janela. De qualquer forma, estarei esperando por você e pela sua ajuda. Sempre estarei esperando pela sua voz cantarolando músicas sem sentido e pelo seu cheiro impregnando a sala e minhas roupas. Estarei esperando você  me encontrar!
  Me ajude, por favor...





quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vazio

   Se a felicidade mora dentro de nós, por que eu ainda me sinto triste? Por que tenho ainda a sensação de que está faltando alguma coisa?
   Penso, penso, penso...mas não encontro nada. Por mais que eu pense, não consigo encontrar nenhuma resposta. Afinal, o que está faltando? Por que nada mais me traz alegria? Por que a minha televisão é a única que não tem cores?
  Ando pelas ruas e vejo pessoas festejando. Qual o motivo de tanta alegria? Não entendo... não posso entender. Pessoas me dão sorrisos, mas não consigo retribuir nenhum deles. Não vejo motivos para tanta alegria.
  Por que essa sensação de frio? Hoje o dia está ensolarado, mas sinto um frio cortante, lambendo meus ossos. Todos estão com roupas leves e coloridas, mas eu uso um casaco pesado e triste. Realmente, não entendo o que está acontecendo comigo.
  Sempre sinto como se estivesse faltando alguma coisa importante. Mas nunca sei o que é! Penso, penso, penso... mas continuo sem respostas. Continuo vazia e sem motivos para retribuir sorrisos. Continuo a sentir frio num dia ensolarado...
  Por que essa sensação de vazio? Por que sinto como se eu estivesse andando em círculos? Ando, ando, ando...e não chego a lugar nenhum.
  Demorei para descobrir que o vazio foi deixado por você.






segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Desordem.

   Está tudo fora de ordem. Revistas velhas jogadas pelo chão, roupas amassadas e sujas atrás da porta, cama bagunçada...
  Mas não tenho tempo de arrumar nada agora. Tenho que seguir. Mesmo que essa desordem me atrapalhe um pouco. Tenho que passar por cima de tudo e seguir em frente.
  Eu também estou fora de ordem. Meus pensamentos são confusos e surreais. Meu coração está dividido entre dois caminhos sem volta... dois caminhos que me levam a lugares distintos e desconhecidos.
  É muito difícil tomar decisões quando estamos confusos. Quando por dentro, estamos quebrados e perdidos. Sim, eu me perdi dentro de mim. São tantos sentimentos, pensamentos e ideias  arquivados, que mal posso me achar! Me perdi em mim mesma.
  Revistas jogadas, parede rabiscada, roupas sujas, coração dividido, pensamentos atrás da porta. Tudo fora de ordem, jogado no chão. Mas não tenho tempo de arrumar nada agora. O tempo está passando e eu preciso ir embora.
  O tempo está passando e me deixando para trás. Não tenho tempo de arrumar nada, me desculpe. Preciso seguir em frente, com minhas roupas confusas e meus pensamentos sujos e amassados.




sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A menina do espelho.

   Odeio o espelho...e a imagem que ele me mostra. A cada dia que passa, sinto mais ódio daquela menina que fica do outro lado, me olhando com tristeza. Menina fraca e estúpida!
   Ela sempre me olha como quem estivesse pedindo ajuda. Fraca e estúpida! E ingênua também...pois ainda acredita em sonhos. Ainda acredita que um dia será feliz... Tola!
   Ela não vê que não há mais nada a fazer? Os sonhos acabaram, e ela ainda me olha com piedade. Ela ainda tem brilho nos olhos, molhados pelo choro.
   Não consegue ver, sua tonta? Não há nada a fazer! No seu jardim, não há mais nada. Nada além de espinhos e flores secas. O mundo dá voltas sim, mas não pense que você será feliz.
   Engula seu choro, menina tonta!
   Mas não adianta...ela não me ouve. Continua a chorar, com os olhos molhados pelas lágrimas e pela esperança. Sinto raiva dela...
  Como pode ser tão ingênua? Fraca e estúpida! Vive em um espelho, e sonha com a felicidade...mora em um espelho, e sonha com o mundo.
  Mas ela tem que entender... não há mais nada a fazer. Os sonhos já se foram. Se foram, e não deixaram pistas de seu destino. Nem mesmo um bilhete dizendo : "Adeus, menina burra. Vamos morar com outra pessoa, que saiba nos valorizar!"
  Então fiquei discutindo comigo mesma, enquanto olhava para o espelho... vendo uma menina fraca e estúpida.



quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Invisível...

   Tive um sonho estranho na noite passada.
    Eu estava em uma rua qualquer, numa cidade em algum lugar do mundo. Tudo parecia comum, mas algo dentro de mim dizia que tudo estava errado. As pessoas passavam por mim, mas não percebiam minha presença. Me olhavam, mas não me viam.
   Sem querer, me esbarrei em uma senhora que passava. Mas ela não disse nada. Era como se eu não estivesse ali. Eu estava em um lugar, onde eu não existia para as pessoas... mas elas existiam para mim.
  O desespero de ser invisível foi tão grande, que comecei a gritar. Implorei por misericórdia, por um ombro amigo. Mas ninguém me ouviu. Continuavam a correr, preocupadas com suas tarefas e com o relógio, que não parava de trabalhar.
  Me senti um fantasma. Um fantasma que não pode ser visto, mas que pode ver e sentir as pessoas. Que não consegue ser ouvido, mas fica louco com o barulho infernal dos carros, das pessoas, dos gritos da cidade.
  Corri entre os carros, para chamar atenção. Mas ninguém me notou. Os carros passavam por mim, quase me atropelavam... mas não paravam. Eu sentia a fumaça deles, passando pelas minhas pernas. Sentia um frio passando pela minha garganta, invadindo meu estômago. Mas eles não me atingiam.
  Me senti morta em meu próprio corpo. Me senti presa dentro de uma caixa, sem ar. Estava sufocada dentro de mim.
  Então, eu acordei. Acordei numa rua qualquer, numa cidade em algum lugar do mundo, entre pessoas correndo e carros acelerados.





terça-feira, 2 de novembro de 2010

Às vezes...

   Às vezes você me faz feliz, e às vezes você me faz chorar. Não suporto mais me olhar no espelho, pois eu te vejo em mim.
  Às vezes sinto vontade de desistir de tudo. Simplesmente, me bate aquela vontade de correr com o vento e esquecer tudo o que aconteceu. Me sinto uma idiota por ter agido daquela forma! Fui tão infantil e ingênua... não consegui enxergar o que estava por vir.
  Às vezes sinto uma angustia muito forte. Como se tivesse faltando alguma coisa dentro de mim. Sinto o vento passando por dentro do meu corpo, um vazio insuportável. Aí eu me lembro que o vazio foi deixado por você, que roubou uma parte minha pra você.
  Me olhar no espelho é uma tortura, pois não vejo seu reflexo nele. Não vejo você ao meu lado, que é onde deveria estar.
  Apostei minha vida em você, e agora estou sem nada. Sei que não deveria apostar tão alto em algo tão incerto, mas não fazia mais sentido uma vida sem você.
  Às vezes fico falando com as paredes. Dizem por aí que elas ouvem. Sendo assim, minha casa já está cheia de histórias de nós dois. Nelas eu escrevi o seu nome, por todos os lados. Cores de vários tons enfeitam meu lar com o seu rosto agora...
  Quem dera se o céu também pudesse me ouvir. Assim ele me levaria até onde você está agora, não importa onde. Se ao menos pudesse me ouvir... se ao menos pudesse me sentir em você. Sentir meu coração pulsando dentro do seu peito. Acho que pode me sentir, pois tem uma parte minha em você.
  Às vezes me pego abraçando aquela sua velha camisa, que ainda guarda seu perfume. Sempre que o sinto, me lembro do seu sorriso. Se eu pudesse voltar no tempo, pra ver seu sorriso pelo menos uma vez...uma última vez...
  Mas fui tão tola. Não consegui decifrar seus sinais, e me perdi no caminho.
  Pois quando estou sem você, às vezes me sinto assim...perdida.




segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Perigoso...

    Se você entendesse, seria tudo mais fácil. Se você ao menos tentasse me compreender, tudo seria menos complicado.
   Não entendo o que há de mais em você. Além dos seus olhos que me mergulham em desejo e do fato de você me ter em suas mãos, você não tem nada para oferecer. E isso é muito perigoso...
  Não entendo suas atitudes, mas tudo bem. Pois você não se esforça para me entender também!
  Todos os dias passo me perguntando o que está acontecendo...e nunca encontro respostas. Você me tem, e isso é fato. Seus braços são minhas algemas, e sua boca, a minha eterna prisão. Mas além disso, você não tem nada para me oferecer...
  Com você, vejo tudo vermelho. Vermelho, vermelho, vermelho...isso está ficando cada vez mais perigoso.
  Se você me entendesse, talvez eu não precisaria me matar todos os dias. Me matar...é essa a sensação que tenho quando te vejo. Suicídio. Pois quando olho para você, sinto meu corpo saindo de mim. Meus sentidos de perdem. Só consigo sentir sua pele quente sobre a minha, e mais nada.
  Não entendo o que é isso, mas tudo bem. Pois você também não me entende.
  As noites são torturantes, pois vejo tudo escuro. Escuro, escuro, escuro... como os seus olhos, que são como frias masmorras. Eles me têm...e isso está ficando cada vez mais perigoso.
  O meu tempo é curto, e você não entende. Mas tudo bem, pois eu também não entendo nada sobre nada. Não entendo esse brilho estranho que vem dos seus olhos, cobertos de maldade e vinho. Não consigo desvendar seu mistério. Só sei que você me tem...e isso é perigoso.





Presente...

     O gosto amargo invadiu minha garganta e o ar já não entrava em meu pulmão. Por dentro, eu estava fervendo, enquanto minha pele congelava. O vento estava me cortando...
    A noite estava diferente das outras. Tinha alguma coisa errada no vento, como se alguma tragédia estivesse por vir. As árvores balançavam, como se quisessem me contar uma história. Uma história nem um pouco feliz.
   Mesmo assim continuei andando, com a lua iluminando meus passos. O medo me fazia companhia e as estrelas eram como pequenas gotas de lágrimas. Minúsculas gotas, acompanhadas pela morte e pela escuridão.
   Fui tola. Ingênua. Como toda mulher apaixonada. Não sabia o que estava fazendo, pois a paixão me cegou e me tirou o bom senso. Continuei caminhando, com meus sonhos românticos. Sonhos que logo se tornariam pesadelos.
   Parei no local combinado, com o coração quase saindo pela boca. Poderia dançar ao ritmo de suas batidas, se eu não estivesse com tanto medo. Batidas rápidas, agonizantes. Batidas que bombeavam meu sangue amargo e envenenado pela morte. Ainda consigo sentir seu gosto...
  Então eu vi. No meio da névoa, vi uma sombra se aproximando. Será que era ele? Será que ele cumpriria com sua promessa? Ele me faria feliz como havia dito que o faria? Não conseguia entender porque a angústia ainda estava martelando dentro do meu peito.
  Uma mistura de alegria e pânico tomou conta de mim. Meu amado se aproximou, mas não trazia flores em sua mão. Ele se aproximou não com um sorriso apaixonada, mas com um olhar sombrio e cruel. Senti o mal em seus olhos, tão frios e expressivos. Sua boca estava encurvada, num leve sorriso sarcástico.
  Onde estava o homem que conheci? Onde estava aquele homem belo e doce, que me cobria de presentes e juras de amor?
  Ah, os presentes. Eram lindos! Flores, vestidos, cartas apaixonadas...
  Mas ele me trouxe um presente diferente naquela noite. Um presente frio e cortante. Frio como aquela noite. E cortante como o medo que sufocava meu coração. Aliás, coração que já não bate mais.
 A dor era insuportável. Senti aquela coisa fria dentro de mim, me sangrando e machucando a minha carne. Então, tudo ficou escuro. O frio tomou meu corpo...
  Ele me presenteara com a morte.





sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O carro...

    O carro chegou. Ouvi a buzina, mas preferia não tê-la ouvido. Com certeza, ela estava anunciando o fim de tudo. Maldito carro que chega para separar as pessoas...
   Apenas vi minha mãe arrumando as malas, e jurando que voltaria. Mas quando ela voltaria? Por quanto tempo eu teria que ficar sozinha?
   Meu Deus, eu era tão pequena. E tão ingênua também...
  O carro chegou e ela, com lágrimas nos olhos, disse que logo voltaria. Mas ainda não voltou... quando ela voltará? Quando poderei abraçá-la outra vez?
  Minha avó me confortou. Sim, ela sempre será como uma mãe. Mas tenho medo do maldito carro voltar para buscá-la também. Por que sempre as pessoas que amamos nos deixam?
  Entro em pânico sempre que ouço uma buzina. Sinto um aperto na garganta...e ouço alguém me dizendo "logo voltarei para você". Mas sei que não voltará...nunca voltam.




Sombras...

     A chuva estava pesada e fria, mas meu corpo estava quente. Meu sangue corria em ebulição nas minhas veias, e poderia jurar que vi fumaça quente saindo da minha pele.
    O homem é um bicho curioso. Por mais bondoso que seja, ele é capaz de cometer os atos mais surreais durante a raiva. Por mais racional que seja, ele se torna o pior inimigo dele mesmo na hora do medo.
    Voltei para casa, encharcada até os ossos. Mas nem me importei com isso, pois meu corpo continuava quente...e meus olhos ainda tinham a cor do ódio. 
    Fui lavar minhas mãos, cheias de terra e sangue. Aquele sangue me deu certo nojo logo de início, mas depois me deu uma sensação de vitória. Só de olhar para aquele sangue indo para o ralo, me lembrei daquela hora. Me lembrei dos gritos implorando misericórdia, do sangue ainda vivo espirrando no meu rosto... do último suspiro. Tudo de repente era silêncio e sombras. Era apenas um corpo jogado no chão, e eu vitoriosa.
    Mas a sensação de vitória logo foi embora. O medo arrepiou o meu corpo, e a culpa congelou os meus ossos. Senti minha boca secar, meus olhos arderem, minhas pernas imóveis. Não conseguia olhar para trás, e também não queria. Mas a curiosidade falou mais alto...
   Lá estava ela, do mesmo jeito que a deixei no porão. O medo era tanto que mal pude gritar...
   Seus olhos me olhavam com piedade. Sua boca desfigurada se abriu: 
   - Meu destino foi terrível, mas o seu será bem pior...
   Tudo se tornou sombra. Um cheiro adocicado invadiu minhas narinas...um cheiro que misturava flores e madeira. Meu corpo, imóvel. E assim é até hoje...e vai ser por toda a minha eternidade.









quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Atrás da porta.

   Portas fechadas, e caminhos encerrados. "Chega por hoje, você já caminhou bastante!", ele diz
   Mas não posso conter a minha curiosidade. O que há lá dentro? Que segredos aquela porta guarda?O que ela esconde de mim?
  Meu coração se debate violentamente dentro do meu peito, só de imaginar as coisas que há atrás da porta.
  Amores perdidos, sonhos roubados...brinquedos tortos e infância esquecida.
  "Deixe isso de lado, menina boba. Não há nada lá dentro, além de lembranças e pó."
  Mas sinto que há muito mais do que lembranças e poeira. Há algo mais perigoso, que me prende à curiosidade de saber o que há atrás da porta.
  Algo que causa uma dor prazerosa, um medo viciante. Um turbilhão de sensações e pensamentos, todos sem sentido...mas que fazem todo o sentido para mim.
  Mas tenho medo de decobrir o que há lá dentro.
 Tenho medo de me encontrar, e perceber que sou apenas uma das minhas lembranças esquecidas e empoeiradas, guardadas atrás de uma porta.





quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Luz dos olhos

  Seus olhos são pequenos e castanhos. Aparentemente comuns. Mas sempre que olho para eles, entro em transe. Não vejo olhos, mas um mundo inteiro me chamando para fazer parte dele.
  Como pode isso? Um simples olhar me deixar assim? Mas os seus olhos não são nada simples... eles têm o poder de me despir. Têm o poder de revelar os meus segredos mais íntimos.
  Quando não sei onde me encontrar, eu olho para você. Pois sei que sua luz irá me guiar, para qualquer lugar. Sei que posso me encontrar em você.
  Queria poder desfrutar do seu olhar todas as manhãs. Queria ter a luz dos seus olhos me protegendo e me mostrando o caminho todos os dias. Talvez assim eu não seria tão perdida. Assim, eu não precisaria vagar sem rumo todos os minutos.
  Por isso, sempre que te vejo, procuro me embriagar o máximo que posso do seu olhar.
  Sempre que posso, busco a luz dos seus olhos. Pois não sei quando me sentirei assim novamente.




Aurora

     Esperando alguma coisa. Não sei bem o que é...
  Talvez alguma luz. Ou uma resposta. Algo que me ajude a chegar a algum lugar.
  A dor é tão grande...
  Rezo todos os dias para que o vento a leve embora. Dizem que ele cura tudo.
  As faíscas de sol talvez possam me ajudar. Talvez elas aqueçam meu coração frio e duro. Talvez tragam de volta o calor da minha pele e a vida do meu sangue.
  O caminho é tão tortuoso, e a carência é tão grande...
  Rezo para que a aurora possa me salvar. Rezo para que ela possa entrar em mim. Salve minha alma!
  Não sou merecedora da felicidade, mas mesmo assim busco por ela. Como todos os tolos, sonho com ela todas as noites.
  Rezo para que a aurora possa me ouvir. Me ouça, por favor!
  O silêncio daqui é perturbador. Nada se ouve, além de ruídos estranhos...ah não! Os ruídos são meus. Eles vêm do meu coração, já velho e cansado.
  Por favor, me salve!





Obscura...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Obscura...

   Ninguém pode ver. Atrás do meu sorriso tem uma boca malígna, que engole toda a felicidade e a transforma em pó.
   Meu céu está se tornando meu inferno. Nas minhas costas se escondem asas negras, que me levam para teus piores pesadelos. E você nem desconfia, pois já está dormindo.
   Atrás dos meus doces olhos castanhos, escondo um lago negro e frio. Estou sempre pronta para te arrastar e te afogar nos meus medos.
   Minha pele é quente, mas meu sangue é frio e duro como ferro. Estou sangrando, mas você nem vê. Pois já está dormindo.
   Estou sangrando, mas você não sente. Tudo o que vê é a minha máscara de anjo. Mal pode imaginar o que posso fazer com tuas lembranças. Mal pode imaginar do que sou capaz.
  Sou teu melhor pesadelo. A tua mais dolorosa e apaixonante lembrança. Teu descanço infernal.
  Sugiro que não feche os olhos e nem me dê as costas. Sou traiçoeira. Mas se merecer, prometo que acabo com tudo de forma rápida e sem dor. Sou misericordiosa... apenas com os que merecem.
  Mas se preferir, posso ser tua companheira. Estar sempre ao teu lado... te fazendo carícias e te arrancando gritos de medo. Sou uma ótima companhia.
  Sou discreta também. Consigo me aproximar sorrateiramente, sem levantar nenhuma suspeita. E quando menos esperar, estará presa comigo por toda a eternidade.
 


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Coragem...

   Estou com medo, mas não posso deixar você partir. Não posso permitir que você vire as costas para mim, como se nada tivesse acontecido.
  Tenho que fazer alguma coisa, antes que seja tarde. Por isso estou aqui, na sua porta. Com as minhas malas, esperando por você. Logo vou embora, mas se disser o que espero ouvir, prometo ficar.
  Prometo ser tudo o que espera que eu seja.
  Mas para isso, preciso criar coragem. Não posso deixar você ir embora sem saber o que tem dentro de mim. Até porque, o que tenho aqui dentro, pertence a você.
 Me falta voz para lhe falar, mas o medo fala mais que a razão. Medo que sinto só de imaginar uma vida inteira sem você ao meu lado.
  Preciso lhe contar uma coisa, mesmo que esta ideia pareça absurda.
  Mesmo que me falte voz. Mesmo que me falte coragem... na verdade me faltam muitas coisas.
  Mas com certeza, a falta que mais me causa dor é a sua.


domingo, 24 de outubro de 2010

Medo.

   Hoje senti muito medo. Na verdade isso é muito comum para mim, mas hoje eu me senti completamente sozinha. Mesmo com tantas pessoas em volta, não consegui ver ninguém. Apenas o meu velho conhecido : o Medo.
   Lá estava ele, me lembrando de que sou uma fraca. Uma fraca que não encara seus fantasmas. Uma fraca que se esconde no quarto sempre que ele aparece. O Medo realmente me assusta.
   Além de me assustar, ele me entristesse. Quando ele aparece, sinto tudo escurecendo...sinto apenas vultos e vozes ao meu redor.
  Não queria conhecê-lo. Queria muito que o Medo não fizesse parte da minha vida...que não me impedisse de buscar a minha felicidade.
   Queria que ele não me impedisse de te amar.


Oca...

    Ás vezes me sinto oca. Consigo ouvir os ecos secos das batidas do meu coração, batendo loucamente...muito assustado com tudo isso.
    Não consigo manifestar mais nenhum sentimento, pois toda a minha mente foi tomada por um estado de transe permanente.
    Já não sinto mais calor, nem frio, nem felicidade. Não sinto toques, nem cortes e nenhuma outra dor...
   Me desespero só de pensar em manifestar algum sentimento, por isso decidi me congelar. Resolvi que é melhor me manter indiferente a tudo, até porque estou completamente oca. Exceto pelo meu coração, que bate loucamente de medo de te perder.
   Afinal, este é o único sentimento que tenho agora. O medo de nunca mais poder rir das suas piadas toscas, de nunca mais ver seu sorriso que me ilumina toda vez que te vejo. De nunca mais poder tocar a sua pele, nem que seja por alguns eternos segundos.
  Estou oca porque o único sentimento que tenho é todo seu. Nada mais me resta, pois agora eu pertenço a você.
  Estou oca, porque meu corpo está tomado pelo medo de te perder.


Cansada


Já estou cansada. Não só meu corpo, mas também a minha alma, meu coração... Não sei se vou mais aguentar conviver com isso. Com esse aperto no meu coração, falta coragem para lhe falar o que eu realmente sinto por você. Me falta forças para para poder olhar em seu olhos fixamente, falta tudo em mim. Não posso relar em sua mão sem meu coração disparar. Acho que não vou aguentar mais isso, acho que estou enlouquecendo. 
  - De Gabriela M. para Jéssica Lorraine. Inspirado na história da Jess.

sábado, 23 de outubro de 2010

Me deixem dormir...

     Me deixem dormir até mais tarde hoje. Não quero ouvir nada, nem pensar em mais nada...só quero dormir e me esvaziar.
    Não quero saber de mais nada que me corta. Já tenho muitas feridas que ainda não cicatrizaram...
    Não quero saber o que está acontecendo lá fora, porque já tenho muitos ruídos dentro de mim. Na verdade, o inferno não está no outros, mas dentro de mim.
    Deixem que falem, eu não me importo. Só estou tentando ser eu mesma, mesmo sem saber o que sou.
    Também não quero que atrapalhem os meus sonhos. São os únicos momentos em que não estou vivendo em pesadelos. 
    Por favor, me deixem com os meus travesseiros. Nessas horas, eles são os únicos que me entendem e enxugam as minhas lágrimas. 
   Só quero que me deixem dormir até mais tarde, só hoje.
  







quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Simplesmente, se foram...

     A alegria que estava aqui já se foi. Ela se foi e não deixou nada para mim, nem mesmo algum bilhete ou lembranças. Ela foi embora, e levou tudo.
   O sorriso também se foi. Ele resolveu abandonar os meus lábios, em busca de outras vidas mais interessantes. E não me deixou beijos e nem explicações. Simplesmente, se foi.
   Todos estão indo embora. E vão, sem mais nem menos. Simplesmente, vão embora.
   Acordo sempre com uma sensação de que está faltando alguém. Acordo com um silêncio ensurdecedor e irritante. Sem risos, sem beijos, sem histórias.
  Onde eles estão? Por que se foram tão cedo? Nem ao menos esperaram por mim...
  Não esperaram as minhas lágrimas secar. Não tiveram paciência de esperar o meu coração se respirar e os meus olhos abrirem.
  Simplesmente, se foram.





    

domingo, 17 de outubro de 2010

Meu inferno de cada dia...

    O que devemos fazer quando o que sentimos já não cabe em nós ? O que temos que fazer quando já não suportamos mais viver em silêncio?
  Eu não suporto mais o peso do que sinto. Não aguento mais carregar essa incerteza...
  E o pior de tudo é que tenho que carregar meu fardo calada. Todos os dias finjo que está tudo bem, mas na verdade nós sabemos que não está.
  Você sabe muito bem que tudo está diferente. Todos já perceberam isso...
   E eu não estou mais aguentando disfarçar...
  Queria que tudo fosse mais fácil, mais simples. Queria poder falar tudo o que está entalado na minha garganta, me livrar desse inferno. Pois é um inferno te ver todos os dias, e agir como se nada tivesse acontecido.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Baile de máscaras...

     Por mais que vejo sorrisos estampados nos rostos que passam por mim, sei que não são para mim. Por mais que uma pessoa me elogie, sei que é mentira.
  Quando alguém sorri para mim, uma voz sussurra no meu ouvido: "por trás daquele amável sorriso, se esconde um olhar de desprezo!"
  Mas a voz não está errada.
 Sei que atrás de cada sorriso, há uma segunda intenção. Atrás de cada elogio, há uma palavra cortante.
  Vivo em uma mentira sem fim, em um grande baile de máscaras.
  E embora essa fantasia seja confortante, não posso viver nela. Não posso viver sabendo que tudo não passa de uma grande farça.
  Eu sei disso, pois esses sorrisos não me passam alegria e nem confiança. Sei que não são para mim, pois não sou a escolhida.




quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Canção da Sally

Sally's Song

I sense there's something in the wind,
That seems like tragedy's at hand,
And though I'd like to stand by him,
Can't shake this feeling that I have,
The worst is just around the bend,
And does he notice, my feelings for him?
And will he see, how much he means to me?
I think it's not to be.

What will become of my dear friend?
Where will his actions lead us then?
Although I'd like to join the crowd,
In their enthusiastic cloud,
Try as I may it doesn't last,
And will we ever, end up together?
No i think not, it's never to become.
For I am not the one.

And will we ever end up together?
No I think not, it's never to become.
For I am not the one.

Canção da Sally

Pressinto que há algo no vento,
parece que a tragédia se aproxima,
e embora eu goste de estar com ele,
não consigo conter a agitação desse sentimento,
o pior está por perto,
e será que ele percebe, meus sentimentos por ele ?
E será que ele verá, quanto ele significa pra mim ?
Eu acho que não.

O que acontecerá com meu querido amigo?
Onde as ações dele irá nos levar ?
Embora eu queira juntar-me a multidão,
em sua nuvem entusiástica,
tentando como eu posso, isso não irá durar,
E será que terminaremos juntos ?
Não eu acho que não, nunca vai acontecer.
Por que sei que eu não sou a escolhida.

Será que nós iremos terminar juntos?
Não, eu acho que não, isso nunca vai acontecer
Porque eu não sou a escolhida.

Fiona Apple
Composição: Danny Elfman
 
 
 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Meu tempo

   Me tranquei no quarto e fechei as cortinas para a luz não entrar. Elas me cegam e fazem minha cabeça latejar.
  Os sons dos carros lá fora penetram nos meus ouvidos, como uma música turbulenta e massacrante.
  Queria que o mundo parasse.
  Por um minuto que fosse. Gostaria que ele entrasse em sintonia comigo pelo menos uma vez.
  Para o inferno todos os relógios, os calendários, os dias...queria ter o meu tempo, o meu mundo. Um mundo que me acompanhasse, e não que me obriga a acompanhá-lo.
 O mundo lá fora é uma fábrica de pessoas doentes, que vivem correndo para alcançar o tempo.
  Queria fazer o meu tempo.
  Queria ter o meu mundo.


Teias

    Não acredito que acabou tão cedo. Mal pude ver o final da história, e já estavam passando os créditos finais. Odeio quando tudo passa muito rápido, e não consigo acompanhar.
   Pior ainda, é me sentir presa ao que já passou. Continuo caindo e sentindo um frio na barriga, mas não vejo nada ao redor. Ainda me sinto presa, mas não ouço nada. As luzes já se apagaram, e só restou uma pessoa na platéia, sem entender nada: eu.
   Odeio isso. Todos falam de suas vidas felizes, e eu fico ainda tentando me lembrar de como foi o fim.
   Não sei se vou aguentar por muito tempo. Estou caindo, algo me puxa para baixo, mas não consigo ver o que é. Meus piores sonhos voltam para minha mente, como velhas amigas que não vejo a muito tempo.
   Uma fumaça me abraça. As únicas coisas que consigo ver no abismo são as velhas lembranças e a fumaça. Uma fumaça cinza e pesada, que me acolhe como uma filha.
  Até quando vou cair? Quando tudo isso vai acabar?
  Uma boa pergunta, porém, sem reposta.
  Acho que só vai acabar quando ele me libertar. Quando eu conseguir sair de suas teias.



domingo, 10 de outubro de 2010

Penetra

   Ás vezes me sinto uma penetra. É como se todos fossem convidados para uma grande festa, menos eu. Vejo todo mundo se divertindo, dançando e conversando, enquanto eu fico em um canto, sozinha e calada.
   Celebrações não foram feitas para mim. Nem festas, nem vestidos, nem luzes. Não consigo rir por fora enquanto choro por dentro. Não faz sentido pra mim.
   A música não me alegra. A comida não me satisfaz. A bebida não mata minha sede. A festa não me acolhe.
   Não dá para me divertir sabendo que não sou bem-vinda. As pessoas passam por mim e nem falam comigo. Pisam no meu pé, se esbarram em mim, ou simplesmente me olham com dezpreso.
  Sou uma peça que não se encaixa no quebra-cabeça. Ninguém nota a minha presença ali, como se eu fosse invisível. Como se eu fosse uma penetra.

  

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Heranças

     Tudo o que é vivo, morre. Nada é eterno. Não levamos nada dessa vida. Essas frases são bem conhecidas e muito usadas.
    Já passei por isso. Perdi uma pessoa muito querida, ídolos, sonhos e amigos, e as perdas me machucaram. Na verdade, ainda machucam.
    Mas eu sei que um dia eu também vou embora e não levarei nada daqui, a não ser o conhecimento que venho acumulando com o passar do tempo. Os que se foram também não levaram nada, mas nos deixaram muitas coisas. Deixaram saudades, lágrimas, conhecimento, músicas, sorrisos, amor, entre várias outras coisas muito preciosas.
   A carne morre, mas o que tem dentro de nós é eterno. Enquanto alguém for lembrado pelas pessoas que o amam, ele e sua herança deixada ( não a material, mas aquela que está em nós ) viverá para sempre. Seus valores jamais serão esquecidos. Suas músicas sempre serão ouvidas e adimiradas. Seus livros sempre serão lidos. E seu amor sempre confortará os solitários aqui na Terra.
   Espero deixar coisas boas para as pessoas. Sei que não sou perfeita e não tenho muito, mas quero que o pouco que eu tenho sirva para confortar e alegrar as pessoas que ficarem aqui. Quero que se lembrem de mim como uma pessoa comum, que tentou viver intensamente cada momento.
   E você? Já pensou no que vai deixar?


   

domingo, 3 de outubro de 2010

Luz, câmera e ação!

     Hoje tive uma pequena apresentação de uma peça, com a turma do curso de teatro. Foi uma peça pequena, e teve um público pequeno. Mas nem por isso foi menos mágico!
    É a sensação mais maravilhosa do mundo! Aquele frio na barriga, aquele nervosismo insuportável, a sensação no palco com todos te olhando...e os aplausos! Não tem nada melhor que os aplausos...
   O som que eles produzem me faz lembrar da chuva. Chuva que chega como recompensa, nos falando: "Parabéns, vocês conseguiram!"
   Não tem como descrever em palavras o que senti lá no palco. Uma mistura de calma e fúria, leveza e brutalidade...e no fim, com os aplausos, só senti alegria. Alegria de fazer uma coisa que me deixa completa!
  Até agora estou me lembrando... foi simplesmente mágico.
   Me lembrei de todas as coisas que me deram frio na barriga. Acho que esse frio que sentimos é um sinal de que tudo vale a pena. Temos que tomar coragem para ir em frente...pois no final, a única coisa que vamos ouvir são os aplausos.


sábado, 2 de outubro de 2010

Segunda chance

   Hoje fui ao cinema. Calma, não estou aqui pra falar da minha vida sem graça...só quero falar do filme que eu vi. Hoje fui pra ver Comer, rezar e amar, que conta a história de uma mulher divorciada que partiu em uma viagem para se encontrar. Confesso que me identifiquei muito com o filme.
    Cheguei a invejá-la. Como ela teve coragem de largar tudo? De pedir o divórcio, de largar os amigos e ir para um lugar onde não conhecia ninguém? Queria ter essa coragem...
    Mas a coragem não foi a única coisa que o filme me mostrou...o mais importante foi que ele me mostrou que todos merecem uma segunda chance.
    Uma segunda chance de sorrir, de acreditar, e principalmente, de amar. Todos já receberam flores e já carregaram pedras. Mas as pedras não podem nos impedir de enxergar as flores, e nem de sentir seu perfume.
    Tristeza é inevitável. Ás vezes ela vem de mansinho, sem que percebamos, e se instala em nossas vidas. E vivemos acomodados com ela, como se fosse uma torneira mal fechada que fica gotejando, e temos preguiça de fechá-la.
   Mas chega uma hora que sufoca...
   Então, para resgatar o ar, precisamos de mudanças. Não é tão fácil na prática, na teoria tudo parece mais simples! Eu ainda estou tentando...a cada dia, a cada hora, a cada instante da minha vida. Tento mudar cada atitude minha, cada palavra...e sei que um dia foi me encontrar em algum lugar.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Insônia...

      Insônia é uma rotina pra mim. Ela está sempre presente, me fazendo companhia, ouvindo minhas angústias e o meu choro silencioso.
     Não posso reclamar dela...ela sempre foi uma boa ouvinte.
     Certo dia, ela me aconselhou a fugir para bem longe e econtrar uma razão para sonhar. Só assim ela seria livre para fazer companhia a outro coração solitário. A proposta foi tentadora...
    Mas eu estava tão só e vulnerável que fiquei com medo de ela ir embora. Não podia deixá-la partir, não a minha amiga das noites frias. De fato, ela não me deixa dormir...mas não deixa os pesadelos se aproximarem de mim.Ela é muito cuidadosa comigo.
   Mas mesmo assim resolvi seguir seu conselho...
   Estou procurando em todos os lugares um pouco de mim...e prometo que um dia eu a deixarei livre!

Colcha de retalhos

   A vida é uma colcha de retalhos. Estamos sempre remendando uma história aqui e outra ali. Eu estou ainda fazendo a minha...a cada dia, a cada hora, a cada minuto.
  Mas a minha colcha não é como a maioria. Os meus retalhos são escuros e velhos, como todas as minhas tentativas.
  Tentativas de ser uma pessoa como as outras, popular e típica adolescente. Eu não faço esse gênero! Aliás, não faço gênero nenhum...nem sei que tipo de garota eu sou. Só sei que sou mais uma entre milhares, tentando fazer sua própria história.
  Não sou dramática, apenas sou sensata. Não tenho culpa de não me encontrar...afinal, vivo fugindo de mim mesma. Não sei em que mundo estou, mas sei que estou por aí...enrolada em uma manta surrada e cheia de retalhos.

Céus e cheiros

     Sempre achei que o céu era azul. Hoje sei que não é bem assim...
     Cada um tem seu próprio céu, com uma cor particular.São milhares de céus espalhados pelo universo, alguns azuis, outros cinzas...e até alguns cor-de-rosa.
    No meu há uma explosão de cores berrantes e distintas.Já o enxerguei azul quando estive feliz, cinza quando estive triste e já teve dias em que não vi céu nenhum.
   Na verdade, não é só o céu que muda. O cheiro também. Sinto cheiro amargo, misturado com terra e água da chuva. E quando pergunto que cheiro é aquele, simplesmente me respondem com outra pergunta: "Você está louca?"
   Talvez eu esteja mesmo...mas ninguém pode dizer que estou errada. Afinal, de fato temos céus e cheiros diferentes, cada um contando uma história diferente.
  
   

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Bem-vindo...

   Bem-vindo ao meu mundo estranho e confuso, cheio de contradições e sonhos indefinidos!
   Aqui será o meu refúgio, meu espaço livre para desabafar sobre tudo o que atormenta a minha cabeça...e quero muito compartilha-lo com você. Só espero que possa me compreender...
  Posso estar parecendo uma louca que fala coisas sem sentido, mas acredite, você vai entender.
   Sempre penso em muitas coisas mas nunca chego a lugar nenhum. Mas por quê? Eu não sei, aliás, ninguém sabe. Ninguém sabe o que sente aos 17 anos de idade. Ninguém conhece o segredo da felicidade e da estabilidade sendo tão jovem. E eu não sou uma exceção!
  Então, sinta-se em casa! Minha mente será um livro aberto para você se deliciar e se confundir, e, quem sabe, se encontrar no meio dos escombros.