domingo, 10 de outubro de 2010

Penetra

   Ás vezes me sinto uma penetra. É como se todos fossem convidados para uma grande festa, menos eu. Vejo todo mundo se divertindo, dançando e conversando, enquanto eu fico em um canto, sozinha e calada.
   Celebrações não foram feitas para mim. Nem festas, nem vestidos, nem luzes. Não consigo rir por fora enquanto choro por dentro. Não faz sentido pra mim.
   A música não me alegra. A comida não me satisfaz. A bebida não mata minha sede. A festa não me acolhe.
   Não dá para me divertir sabendo que não sou bem-vinda. As pessoas passam por mim e nem falam comigo. Pisam no meu pé, se esbarram em mim, ou simplesmente me olham com dezpreso.
  Sou uma peça que não se encaixa no quebra-cabeça. Ninguém nota a minha presença ali, como se eu fosse invisível. Como se eu fosse uma penetra.

  

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