terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Era uma vez.








" Era uma vez, mas me lembro como se fosse agora, eu queria ser trapezista.
   Minha paixão era o trapézio, me atirar lá do alto na certeza de que alguém segura minhas mãos, não me deixando cair.
   Era lindo, mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase, cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo, do que não ficava para sempre.
   Era outra vez, outro circo, ciganos e patinadores. O circo chegou à cidade, era uma tarde de sonhos e eu corri até lá.
   Os artistas, eles se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo, eu entrei no meio deles e disse que queria ser trapezista.
   Veio falar comigo uma moça que era a domadora, era uma moça bonita, forte, era uma moçona mesmo. Ela me olhou, riu um pouco, disse que era muito difícil, mas que nada era impossível.
   Depois veio o palhaço Poli, veio o Topz, veio o Diverlangue que parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público.
  De repente, apareceu uma luz lá no alto e todo mundo ficou olhando.
  A lona do circo tinha sumido e o que eu via era a estrela Dalva no céu aberto.
  Quando eu cansei de ficar olhando para o alto e fui olhar para as pessoas, só aí eu vi que estava sozinha."




Antônio Bivar

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