terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sensações

  Não consigo explicar a maneira como me sinto quando te olho, mas posso te mostrar de alguma forma.
   Olhe para o céu e esqueça que o chão está sob seus pés. Esqueça tudo, e você sentirá seu corpo flutuando.
   Beba alguma coisa bem quente. Você irá sentir um calor invadindo seu corpo, aquecendo seu coração.
   Sinta o arrepio que o sol causa ao beijar sua pele. É uma sensação maravilhosa ser tocado pelo sol!
   Corra só para sentir a brisa balançando seus cabelos.
   Abrace quem você ama.
    Conseguiu sentir?
   Com apenas um olhar, você me mostrou todas essas sensações. Com apenas um olhar, eu descobri o mundo em você.










sábado, 20 de novembro de 2010

Nostalgia

   Uma amargura invadiu meu peito e está apertando minha garganta. Estou sufocando, não consigo puxar uma gota de ar.
   Ainda não descobriram todos os mistérios do universo, mas sinto todos eles dentro de mim. Um buraco negro invadiu meu peito e engoliu meu coração. Um frio insuportável corre nas minhas veias, tomando o lugar do sangue quente e vermelho.
  Sinto falta do calor que o olhar transmite. É um calor capaz de destruir todas as estrelas! Talvez seja por isso que elas brilham...estão refletindo o calor dos olhares apaixonados. Quem dera se eu pudesse absorver um pouco desse calor...
  Olho todos os dias para o céu durante a noite e vejo minúsculos pontos de luz. São tão pequenos que eu poderia encher minhas mãos com milhares deles. Mas não posso, pois estão longe de mim. E mesmo que estejam impregnados com calor, ainda sinto frio olhando para eles.
  Um buraco negro no meu peito e uma manta branca nos meus olhos. Não posso ver mais nada, pois o universo engoliu todas as cores. Já não posso ver a cor do sangue das flores, que correm em suas veias tão quente e suave.
  A amargura é meu único alimento agora. Junto com a nostalgia, ela preenche o vazio de dentro de mim, me mantendo de pé. De pé, e não viva. Viva já não posso estar, pois morri no dia em que você se foi...
  As estrelas refletem o fogo do amor aqui na Terra, mas não me esquentam mais. Pelo contrário, torna ainda pior o frio que lambe minha carne.
 Nostalgia. Não sei bem explicar o que é, mas sinto todos os dias. Aliás, sempre a achei uma bela palavra, pois combina comigo. Agora, ela é meu alimento. Com o buraco, ela está dentro de mim, me mantendo deitada. Deitada e com frio, que nem as mantas brancas podem aliviar.






Me ajude...

   Perdi o que sempre quis. É estranho quando perdemos alguém. Estou de joelhos, com mãos em prece, implorando misericórdia. Me ajude, por favor...
  Perdi você, e isso é tão estranho. Já estava acostumada com seu cheiro espalhado pelo quarto e impregnado no meu travesseiro. É estranho acordar sem ouvir sua voz cantarolando alguma das suas músicas sem sentido.
  Me sinto uma estranha dentro da minha casa. O sofá não é mais confortável como antes, a cama não me acolhe durante o sono... tudo está diferente. Sem você, não me encontro no meu mundo. Por favor, me ajude...
  Só me resta juntar as mãos em uma prece e cair de joelhos. É tão estranho, não consigo entender. Perdi alguém, e a única pessoa que pode me ajudar é você. Meu alguém é você.
  Eu sou tão estranha agora! Não me vejo mais no espelho. Falta seu reflexo do meu lado, sempre com aquele sorriso patético que você tinha. Como sinto saudade do seu sorriso...
  Por favor, me ajude! Meus joelhos não têm mais força, não aguentam mais orações sem resultado. Sempre me ajoelho com as mãos em prece, esperando você voltar. Já não tenho forças para aguentar a sua ausência.
  Saiba que minha porta estará sempre aberta. E mesmo que eu tranque a porta, pode pular minha janela. De qualquer forma, estarei esperando por você e pela sua ajuda. Sempre estarei esperando pela sua voz cantarolando músicas sem sentido e pelo seu cheiro impregnando a sala e minhas roupas. Estarei esperando você  me encontrar!
  Me ajude, por favor...





quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vazio

   Se a felicidade mora dentro de nós, por que eu ainda me sinto triste? Por que tenho ainda a sensação de que está faltando alguma coisa?
   Penso, penso, penso...mas não encontro nada. Por mais que eu pense, não consigo encontrar nenhuma resposta. Afinal, o que está faltando? Por que nada mais me traz alegria? Por que a minha televisão é a única que não tem cores?
  Ando pelas ruas e vejo pessoas festejando. Qual o motivo de tanta alegria? Não entendo... não posso entender. Pessoas me dão sorrisos, mas não consigo retribuir nenhum deles. Não vejo motivos para tanta alegria.
  Por que essa sensação de frio? Hoje o dia está ensolarado, mas sinto um frio cortante, lambendo meus ossos. Todos estão com roupas leves e coloridas, mas eu uso um casaco pesado e triste. Realmente, não entendo o que está acontecendo comigo.
  Sempre sinto como se estivesse faltando alguma coisa importante. Mas nunca sei o que é! Penso, penso, penso... mas continuo sem respostas. Continuo vazia e sem motivos para retribuir sorrisos. Continuo a sentir frio num dia ensolarado...
  Por que essa sensação de vazio? Por que sinto como se eu estivesse andando em círculos? Ando, ando, ando...e não chego a lugar nenhum.
  Demorei para descobrir que o vazio foi deixado por você.






segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Desordem.

   Está tudo fora de ordem. Revistas velhas jogadas pelo chão, roupas amassadas e sujas atrás da porta, cama bagunçada...
  Mas não tenho tempo de arrumar nada agora. Tenho que seguir. Mesmo que essa desordem me atrapalhe um pouco. Tenho que passar por cima de tudo e seguir em frente.
  Eu também estou fora de ordem. Meus pensamentos são confusos e surreais. Meu coração está dividido entre dois caminhos sem volta... dois caminhos que me levam a lugares distintos e desconhecidos.
  É muito difícil tomar decisões quando estamos confusos. Quando por dentro, estamos quebrados e perdidos. Sim, eu me perdi dentro de mim. São tantos sentimentos, pensamentos e ideias  arquivados, que mal posso me achar! Me perdi em mim mesma.
  Revistas jogadas, parede rabiscada, roupas sujas, coração dividido, pensamentos atrás da porta. Tudo fora de ordem, jogado no chão. Mas não tenho tempo de arrumar nada agora. O tempo está passando e eu preciso ir embora.
  O tempo está passando e me deixando para trás. Não tenho tempo de arrumar nada, me desculpe. Preciso seguir em frente, com minhas roupas confusas e meus pensamentos sujos e amassados.




sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A menina do espelho.

   Odeio o espelho...e a imagem que ele me mostra. A cada dia que passa, sinto mais ódio daquela menina que fica do outro lado, me olhando com tristeza. Menina fraca e estúpida!
   Ela sempre me olha como quem estivesse pedindo ajuda. Fraca e estúpida! E ingênua também...pois ainda acredita em sonhos. Ainda acredita que um dia será feliz... Tola!
   Ela não vê que não há mais nada a fazer? Os sonhos acabaram, e ela ainda me olha com piedade. Ela ainda tem brilho nos olhos, molhados pelo choro.
   Não consegue ver, sua tonta? Não há nada a fazer! No seu jardim, não há mais nada. Nada além de espinhos e flores secas. O mundo dá voltas sim, mas não pense que você será feliz.
   Engula seu choro, menina tonta!
   Mas não adianta...ela não me ouve. Continua a chorar, com os olhos molhados pelas lágrimas e pela esperança. Sinto raiva dela...
  Como pode ser tão ingênua? Fraca e estúpida! Vive em um espelho, e sonha com a felicidade...mora em um espelho, e sonha com o mundo.
  Mas ela tem que entender... não há mais nada a fazer. Os sonhos já se foram. Se foram, e não deixaram pistas de seu destino. Nem mesmo um bilhete dizendo : "Adeus, menina burra. Vamos morar com outra pessoa, que saiba nos valorizar!"
  Então fiquei discutindo comigo mesma, enquanto olhava para o espelho... vendo uma menina fraca e estúpida.



quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Invisível...

   Tive um sonho estranho na noite passada.
    Eu estava em uma rua qualquer, numa cidade em algum lugar do mundo. Tudo parecia comum, mas algo dentro de mim dizia que tudo estava errado. As pessoas passavam por mim, mas não percebiam minha presença. Me olhavam, mas não me viam.
   Sem querer, me esbarrei em uma senhora que passava. Mas ela não disse nada. Era como se eu não estivesse ali. Eu estava em um lugar, onde eu não existia para as pessoas... mas elas existiam para mim.
  O desespero de ser invisível foi tão grande, que comecei a gritar. Implorei por misericórdia, por um ombro amigo. Mas ninguém me ouviu. Continuavam a correr, preocupadas com suas tarefas e com o relógio, que não parava de trabalhar.
  Me senti um fantasma. Um fantasma que não pode ser visto, mas que pode ver e sentir as pessoas. Que não consegue ser ouvido, mas fica louco com o barulho infernal dos carros, das pessoas, dos gritos da cidade.
  Corri entre os carros, para chamar atenção. Mas ninguém me notou. Os carros passavam por mim, quase me atropelavam... mas não paravam. Eu sentia a fumaça deles, passando pelas minhas pernas. Sentia um frio passando pela minha garganta, invadindo meu estômago. Mas eles não me atingiam.
  Me senti morta em meu próprio corpo. Me senti presa dentro de uma caixa, sem ar. Estava sufocada dentro de mim.
  Então, eu acordei. Acordei numa rua qualquer, numa cidade em algum lugar do mundo, entre pessoas correndo e carros acelerados.





terça-feira, 2 de novembro de 2010

Às vezes...

   Às vezes você me faz feliz, e às vezes você me faz chorar. Não suporto mais me olhar no espelho, pois eu te vejo em mim.
  Às vezes sinto vontade de desistir de tudo. Simplesmente, me bate aquela vontade de correr com o vento e esquecer tudo o que aconteceu. Me sinto uma idiota por ter agido daquela forma! Fui tão infantil e ingênua... não consegui enxergar o que estava por vir.
  Às vezes sinto uma angustia muito forte. Como se tivesse faltando alguma coisa dentro de mim. Sinto o vento passando por dentro do meu corpo, um vazio insuportável. Aí eu me lembro que o vazio foi deixado por você, que roubou uma parte minha pra você.
  Me olhar no espelho é uma tortura, pois não vejo seu reflexo nele. Não vejo você ao meu lado, que é onde deveria estar.
  Apostei minha vida em você, e agora estou sem nada. Sei que não deveria apostar tão alto em algo tão incerto, mas não fazia mais sentido uma vida sem você.
  Às vezes fico falando com as paredes. Dizem por aí que elas ouvem. Sendo assim, minha casa já está cheia de histórias de nós dois. Nelas eu escrevi o seu nome, por todos os lados. Cores de vários tons enfeitam meu lar com o seu rosto agora...
  Quem dera se o céu também pudesse me ouvir. Assim ele me levaria até onde você está agora, não importa onde. Se ao menos pudesse me ouvir... se ao menos pudesse me sentir em você. Sentir meu coração pulsando dentro do seu peito. Acho que pode me sentir, pois tem uma parte minha em você.
  Às vezes me pego abraçando aquela sua velha camisa, que ainda guarda seu perfume. Sempre que o sinto, me lembro do seu sorriso. Se eu pudesse voltar no tempo, pra ver seu sorriso pelo menos uma vez...uma última vez...
  Mas fui tão tola. Não consegui decifrar seus sinais, e me perdi no caminho.
  Pois quando estou sem você, às vezes me sinto assim...perdida.




segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Perigoso...

    Se você entendesse, seria tudo mais fácil. Se você ao menos tentasse me compreender, tudo seria menos complicado.
   Não entendo o que há de mais em você. Além dos seus olhos que me mergulham em desejo e do fato de você me ter em suas mãos, você não tem nada para oferecer. E isso é muito perigoso...
  Não entendo suas atitudes, mas tudo bem. Pois você não se esforça para me entender também!
  Todos os dias passo me perguntando o que está acontecendo...e nunca encontro respostas. Você me tem, e isso é fato. Seus braços são minhas algemas, e sua boca, a minha eterna prisão. Mas além disso, você não tem nada para me oferecer...
  Com você, vejo tudo vermelho. Vermelho, vermelho, vermelho...isso está ficando cada vez mais perigoso.
  Se você me entendesse, talvez eu não precisaria me matar todos os dias. Me matar...é essa a sensação que tenho quando te vejo. Suicídio. Pois quando olho para você, sinto meu corpo saindo de mim. Meus sentidos de perdem. Só consigo sentir sua pele quente sobre a minha, e mais nada.
  Não entendo o que é isso, mas tudo bem. Pois você também não me entende.
  As noites são torturantes, pois vejo tudo escuro. Escuro, escuro, escuro... como os seus olhos, que são como frias masmorras. Eles me têm...e isso está ficando cada vez mais perigoso.
  O meu tempo é curto, e você não entende. Mas tudo bem, pois eu também não entendo nada sobre nada. Não entendo esse brilho estranho que vem dos seus olhos, cobertos de maldade e vinho. Não consigo desvendar seu mistério. Só sei que você me tem...e isso é perigoso.





Presente...

     O gosto amargo invadiu minha garganta e o ar já não entrava em meu pulmão. Por dentro, eu estava fervendo, enquanto minha pele congelava. O vento estava me cortando...
    A noite estava diferente das outras. Tinha alguma coisa errada no vento, como se alguma tragédia estivesse por vir. As árvores balançavam, como se quisessem me contar uma história. Uma história nem um pouco feliz.
   Mesmo assim continuei andando, com a lua iluminando meus passos. O medo me fazia companhia e as estrelas eram como pequenas gotas de lágrimas. Minúsculas gotas, acompanhadas pela morte e pela escuridão.
   Fui tola. Ingênua. Como toda mulher apaixonada. Não sabia o que estava fazendo, pois a paixão me cegou e me tirou o bom senso. Continuei caminhando, com meus sonhos românticos. Sonhos que logo se tornariam pesadelos.
   Parei no local combinado, com o coração quase saindo pela boca. Poderia dançar ao ritmo de suas batidas, se eu não estivesse com tanto medo. Batidas rápidas, agonizantes. Batidas que bombeavam meu sangue amargo e envenenado pela morte. Ainda consigo sentir seu gosto...
  Então eu vi. No meio da névoa, vi uma sombra se aproximando. Será que era ele? Será que ele cumpriria com sua promessa? Ele me faria feliz como havia dito que o faria? Não conseguia entender porque a angústia ainda estava martelando dentro do meu peito.
  Uma mistura de alegria e pânico tomou conta de mim. Meu amado se aproximou, mas não trazia flores em sua mão. Ele se aproximou não com um sorriso apaixonada, mas com um olhar sombrio e cruel. Senti o mal em seus olhos, tão frios e expressivos. Sua boca estava encurvada, num leve sorriso sarcástico.
  Onde estava o homem que conheci? Onde estava aquele homem belo e doce, que me cobria de presentes e juras de amor?
  Ah, os presentes. Eram lindos! Flores, vestidos, cartas apaixonadas...
  Mas ele me trouxe um presente diferente naquela noite. Um presente frio e cortante. Frio como aquela noite. E cortante como o medo que sufocava meu coração. Aliás, coração que já não bate mais.
 A dor era insuportável. Senti aquela coisa fria dentro de mim, me sangrando e machucando a minha carne. Então, tudo ficou escuro. O frio tomou meu corpo...
  Ele me presenteara com a morte.